O meu filho

é um anjinho, toda a gente sabe, a opinião é geral.
Ele é tão anjinho, que desde que começou a escola, que andamos possuídos com a quantidade de trabalhos de casa que o menino tem que fazer todos os dias. Tão possuídos que resolvemos falar com a professora. Como sou muito intuitiva, algo me disse para mandar lá o marido, e foi o melhor que fiz.
Bom, ele veio de lá em choque, diria até um pouco desfigurado!
Começou por falar nas bolas vermelhas que surgiram na semana passada, e a professora lá foi explicando o que tem estado a acontecer, devidamente documentada, e mostrando os cadernos dele, e dos outros para que o meu gajo percebesse o que ela estava a dizer. Ora o meu começou a afinar, porque pai que é pai afina com estas coisas, e como não tinha argumento contra aquilo, lançou então a questão dos imensos trabalhos de casa. Ao que a professora reponde que o meu menino tão sossegadinho, um verdadeiro anjinho, é por norma o único a levar tantas fichas de trabalho para casa. Parece que em vez de trabalhar, o menino passa o tempo na brincadeira, e como castigo, e numa tentativa de nós percebermos o que se passa, agiu assim; não fizeste aqui, levas para casa e fazes com os teus pais!
Claro que o meu anjinho nunca mencionou esta parte, nem mencionou que passava o tempo a brincar, nem que a professora já lhe tinha confiscado não sei quantos brinquedos, nem nada do que realmente está a acontecer.
O anjinho assim que viu o pai começou logo a chorar, em jeito de confissão, e o pai ainda lhe deu um puxão de orelhas, mas nem fizemos mais nada.
O ano passado foi a mesma coisa, e tudo se encaminhou, agora é manter a cara de má durante uns dias, e ameaçar que não tem festa de anos se não melhorar o comportamento, e em principio a coisa endireita.
Daqui tiro duas coisas, primeiro atenção aos anjinhos!
Segundo, o meu filho é um dos melhores alunos da turma, dito pela professora, mas muito preguiçoso, pelo que entendo que a professora tem obrigação de dar mais atenção aos que não sabem, do que ao meu que sabe, mas só quer brincadeira, no meu caso, vai lá pela disciplina, e não pela força.
Pergunto-me, se com 7 anos ele já me engana assim, como será a minha vida quando ele for adolescente?